Algumas vezes a arquitetura é chamada a resolver programas que ultrapassam aquilo que entendemos. O túmulo, local simbólico onde está mais do que apenas aquilo que restou fisicamente de alguém querido. O local onde todas as lembranças e emoções convergem. Um programa que causa tamanho sentimento, que não são poucas as maravilhas arquitetônicas do mundo antigo erguidas a resolve-lo. Desde as Pirâmides do antigo Egito, a Taj Mahal, seres humanos marcaram fisicamente o planeta com lapsos de memória física da consciência de existir...e de perder.
Solano Benítez, arquiteto paraguaio, projetou um lugar que marca a memória de seu pai. Com apenas 4 vigas em balanço (apoiadas cada uma num único ponto) revestidas internamente com espelhos, e sem mexer no terreno por onde passa um pequeno fio veio d'água, ele da forma a um espaço de tão forte poesia, que não deve nada em absoluto a todas as encarnações do mesmo programa durante os séculos.
Dentro do quadrado, forma pura, está a terra onde jaz seu pai. Os espelhos criam, multiplicam e explodem em milhões de imagens, milhões de vezes, as lembranças e memórias de seu progenitor.
Solano cria um espaço de tal profundidade fenomenológica, que câmeras e filme não conseguem captar o que apenas pode-se experiênciar ao vivo.
Abaixo, o vídeo da palestra que o arquiteto deu no auditório da FAUUSP, explicando o projeto.
O ciclo se fecha com as últimas palavras do arquiteto. Solano vê na memória de seu pai, a imagem que vê de seu filho em seus sonhos.
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