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Mostrando postagens de novembro, 2013

Salão de Cabeleireiro em Orlândia [SPBR]

Uso misto é quando um lote urbano é ocupado com uma atividade dupla, geralmente comercial e de habitação. Tal programa de necessidades é muito comum em nossos centros urbanos: edifícios em que os próprios lojistas moram, trabalhando no térreo e morando no pavimento superior. A tipologia é secular, e absolutamente banal do ponto de vista arquitetônico. Será? Antes mesmo de fundar o escritório SPBR, o arquiteto Angelo Bucci já projetava, aqui e alí, edifícios interessantes em sua cidade natal de Orlândia. Obras apoiadas conceitualmente no partido modernista, influenciadas pela talentosa geração de arquitetos brasileiros da segunda metade do século XX (os óbvios Vilanova Artigas e Paulo Mendes da Rocha, e também influências menos perceptíveis, como Eduardo de Almeida, Rodrigo Lefèvre e Affonso Eduardo Reidy). Passando por momentos de trabalho individual, e em diferentes escritórios e parcerias, Angelo é responsável pelos edifícios mais intrigantes da pequena cidade do norte d

Habitar o jardim

Em meio a todas as modas de sustentabilidade que observamos hoje, toda a imagética que a mídia distorce, vemos um fenômeno impressionante acontecendo: os jovens arquitetos, e principalmente estudantes, acham que estão inventando conceitos utilizados na arquitetura moderna a décadas! Brises, ventilação natural, laje jardim... Atenção jovens companheiros: atentem para o projeto a seguir, residência construída em 1979. ____________________________________________ Residência Célio Vieira (1979) [Pitanga do Amparo] O arquiteto Pitanga do Amparo não foi o primeiro a explorar o conceito de arquitetura como topografia. Uma casa que não pode ser compreendida como um todo de perto, encaixada na terreno (ou criando níveis), com laje inclinada, já foi explorada por arquitetos como Eduardo de Almeida (na Casa Sigrist) e Antonio Carlos Barossi (na Residência Dona Lina). Dito isso, a Residência Célio Vieira não tem seu mérito por ineditismo, mas por desenvolver com sucesso a idé

Uma breve inquietação sobre a caverna (ou: a casa oculta)

A Alegoria da caverna "Sócrates: Agora imagine a nossa natureza, segundo o grau de  educação que ela recebeu ou não, de acordo com o quadro que vou  fazer. Imagine, pois, homens que vivem em uma morada subterrânea  em forma de caverna. A entrada se abre para a luz em toda a largura  da fachada. Os homens estão no interior desde a infância,  acorrentados pelas pernas e pelo pescoço, de modo que não podem  mudar de lugar nem voltar a cabeça para ver algo que não esteja  diante deles. A luz lhes vem de um fogo que queima por trás deles, ao  longe, no alto. Entre os prisioneiros e o fogo, há um caminho que  sobe. Imagine que esse caminho é cortado por um pequeno muro,  semelhante ao tapume que os exibidores de marionetes dispõem entre  eles e o público, acima do qual manobram as marionetes e  apresentam o espetáculo. Glauco: Entendo Sócrates: Então, ao longo desse pequeno muro, imagine homens que  carregam todo o tipo de objetos fabricados, u

O Vermelho do MASP

         Poucos sabem, mas desde sua construção em 1968 até o ano de 1990, os grandes pórticos do MASP não eram vermelhos. O Museu de Arte de São Paulo em 1978. Foto de Hugo Segawa.          Embora em croquis iniciais, Lina Bo Bardi apresente a ideia da cor vermelha para os dois pórticos estruturais, os dez anos que separaram o início das obras (em 1958), até a conclusão do edifício, acabaram por mudar o projeto. Embora a própria arquiteta nunca tenha admitido, e ninguém tenha escrito sobre o assunto, parece óbvio que a escolha pela estética do concreto aparente é fruto do fenômeno arquitetônico ocorrido naqueles anos. Lina pode simplesmente ter decidido seguir a linguagem de seus contemporâneos, já sugestivos em seus projetos anteriores. O edifício algum tempo antes de sua inauguração, ainda com a transparência dos caixilhos. Foto de Hans Gunter Flieg.          O vermelho só aparece no início da década de 1990, por consequência de problemas técnicos: inf

Casas de Arquiteto no SESCTV

         O SESCTV produziu programas especiais de arquitetura voltados ao tema da habitação. Através de diversos assuntos chave, como "maloca" e "casa sertaneja" por exemplo, cada um dos 13 episódios explora características de diferentes maneiras de morar em nosso país.          A série intitulada "Habitar Habitat" tem direção de Paulo Markun e Sérgio Roizenblit, e pode ser assistida através do link do Vimeo, clicando-se aqui .          O 3º episódio tem como assunto "casa de arquiteto", explorando cinco emblemáticos projetos de residências em São Paulo. Os vídeos podem ser conferidos abaixo: Vilanova Artigas Paulo Mendes da Rocha Marcos Acayaba Carlos Bratke Eduardo Longo          Vale a pena conferir, já que esses projetos habitam nossa imaginação por meio de representações estáticas (desenhos e fotografias). Compreender tais projetos através do recurso do vídeo, deveria ser mais explorado. Pal

Artigas em Curitiba: 2 Casas

         Arquitetura é espaço e tempo. Mesmo após séculos, tais conceitos são pouco compreendidos. Lidamos com o tempo como se esse fosse matemático, dividido em escalas e períodos, sem nos darmos conta ou atribuirmos a ele características ligadas à física ou à percepção mental (horas que demoram ou passam "voando"). O conceituamos matematicamente, por que, ao fazê-lo, sentimo-nos seguros. O mesmo se dá com o espaço, medido pela escala humana, distância sempre tomando como referência nós mesmos.          Ambos, tempo e espaço, se unem quando falamos de distâncias inimagináveis (anos-luz). No entanto, todos sentem e percebem o espaço e o tempo, independente do que compreendem como tal. Ambos permeiam a tudo e a todos...a matéria. Sem a matéria, não teríamos a referência necessária do tempo e espaço nesse mundo.          Nós arquitetos, ao definirmos um projeto, criamos a ilusão de que com isso também delimitamos práticas. O modernismo teria sido uma revolução espaci