Cross # Towers [BIG]
Ontem, o escritório dinamarquês de arquitetura BIG (Bjarke Ingels Group), revelou sua proposta para uma torre residencial na cidade de Seoul (imagem acima).
Veja mais sobre o projeto das Cross # Towers, publicado pelo site ArchDaily, clicando aqui.
É notável que, já a algum tempo, os renders vem se tornando ferramentas de muita importância na divulgação de projetos. Não é para menos: através de uma única imagem, o cliente pode visualizar o edifício já inserido na cidade, com texturas foto-realísticas. Através do uso do computador, uma cena é criada, ressaltando os valores do projeto congelado no tempo. Essa prática, que evolui a cada ano, com softwares cada vez mais potentes e imagens cada vez mais realistas, tem em escritórios de arquitetura um perigo grande: a criação de uma utopia.
China Comic and Animation Museum [MVRDV]
A tentativa de gerar bonitos renders, que captem a atenção das pessoas e magnifiquem as características do projeto, podem acabar por colocar o projeto em uma armadilha formal. Sim, pois na tentativa de apresentar a maquete eletrônica mais realista, muito foco é dado à materialidade do projeto, o que pode resultar em uma arquitetura de cheios e massas, ao invés do vazio. As superfícies brilhantes e reluzentes acabam por maquiar a verdadeira proposta.
Bjarke Ingels, MVRDV e outros, criam em seus renders realidades irreais (por mais estranho que isso soe). Horizontes esfumaçados, vidros espelhados e luzes psicodélicas ressaltam papéis urbanos utópicos, maximizando as qualidades defendidas do projeto.
O blog NOTES ON BECOMING A FAMOUS ARCHITECT já vem ensaiando sobre o tema a algum tempo, e ressaltou, no post que você pode ler aqui, sobre a diferença entre realidade e divulgação entre alguns desses projetos. Obras mal executadas, com materiais pouco duráveis, que acabam por transformar o projeto arquitetônico em um PRODUTO da mídia, algo temporário e descartável. A contradição não poderia ser maior.
CCTV [OMA]
O mais irônico talvez, é que um dos grandes causadores da disseminação dos renders (e mesmo da criação da filosofia de trabalho de todos esses escritórios, como pode ser visto aqui) é o OMA de Rem Koolhaas, um dos arquitetos mais críticos em relação aos rumos que nossa profissão toma hoje. O mesmo Koolhaas, que ajudou a projetar a sede para a CCTV em Pequim (imagem acima), com renders e vídeos criando imagens tão exóticas quanto das Cross # Towers do BIG.
Rem Koolhaas montando a CCTV com Lego, no episódio dos Simpsons que foi ao ar em 19 de abril.
Vale lembrar, porém, que ao contrário dos recentes projetos de cunho formalista dos escritórios europeus e norte-americanos, o edifício da CCTV talvez seja o único arranha-céu que possuí massificação "aparente". Seu real conceito se esconde na bonita superfície de vidro, diagrama de esforços da estrutura e resultante forma em looping: a preocupação em gerar o vazio, o espaço. E nesse sentido, Koolhaas e equipe obtiveram sucesso.
Imagens e mais informações:
- Cross # Towers: http://www.archdaily.com.br/46939/big-projetam-as-torres-cross-em-seul-coreia-do-sul/
- China Comic and Animation Museum: http://www.archdaily.com.br/874/china-comic-and-animation-museum-ccam/
- CCTV, foto por http://www.flickr.com/photos/toehk/, vista aqui.
- Koolhaas nos Simpsons: http://www.archdaily.com/231345/architect-rem-koolhaas-in-the-simpsons/
Outros posts que podem te interessar:
Comentários
Postar um comentário