Muitas vezes, embriagados pela quantidade exorbitante de informações, detalhes e massas de nossas grandes cidades, deixamo-nos levar pelo excesso na arquitetura.
Esquecemos que o principal, diversas vezes, está escondido de nossos olhos. Mas o que seria esse "principal" oculto? No final das contas, o principal na arquitetura pode ser a presença ou ausência.
Essa casa no município de Zamora, Espanha, questiona esses conceitos de maneira clichê, mas poderosa.
Um espaço constituído por poucos materiais, onde o detalhe construtivo é mais valorizado, não é exatamente novidade (pelo menos desde a Glass House de Philip Johnson). Projetos como o da Casa Anton, porém, nos lembram das reais necessidades ancestrais, da característica primordial das residências: prover abrigo ao ser humano contra as intempéries. Através do domínio de poucas e simples técnicas, dominamos a natureza, e somos lembrados da relação entre o artefato e a paisagem.
A casa é pequena, com um programa tão básico quanto exprime seu exterior, com um espaço suficiente para a vida de um casal. Planos se movimentam, permitindo o edifício se abrir para a área da piscina. No corte, fica nítida a contraposição: a piscina é quase o volume negativo gêmeo da casa, e vice-versa.
Essa abertura, que permite a ventilação direta de todo o espaço interno, também abre a vista para a paisagem do vasto terreno, constituído por um bosque e vinhedo.
A arquitetura pode não oferecer grandes novidades numa primeira observação, no entanto é preciso treinar o olhar e observar o vazio. É na ausência da massa que a Casa Anton realmente se destaca, por sua maneira didática de organizar o espaço e se fazer presente.
A estrutura sustenta apenas a cobertura jardim da casa térrea. Vigas e pilares são integrados em uma plasticidade monolítica.
Seria interessante ver conceito semelhante aplicado a um grande centro urbano. É possível que em meio ao caos sistematizado, uma arquitetura assim seja ainda mais poderosa, capaz de passar desapercebida em meio ao olhar rotineiro.
Vimos aqui.
Web site do escritório espanhol CSO, aqui.
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